Quando eu quebrei o ciclo de repetições, a maldição do pecado original.

Imagem  Eu sempre tive medo de fantasmas. O escuro sempre me trouxe muito medo, pois eu achava que tinha alguém no quarto e que se manifestava somente na escuridão.

Durante um trabalho de regressão que experimentei neste processo, me lembrei de um momento incrivelmente real que passei em um dos períodos mais misteriosos da minha primeira infância. Era quando eu tinha encontros com Jesus. Morávamos no velho porão da casa de meus pais. Eu deveria ter uns 5 anos. Todos nós dormíamos no mesmo cômodo. Não havia muita luz na madrugada. Na parede deste cômodo minha mãe havia pendurado um quadrinho com a imagem de Jesus. Sabe aquela imagem antiga, perfeita de Deus, onde ele tem os olhos incrivelmente azuis com barba e cabelos longos e loiros? Aquele coração aparente no meio do peito com uma coroa de espinhos e ele com aquele olhar doce e as mãos impostas como que abençoando e protegendo? Exatamente essa imagem. Minha irmã e eu oferecíamos bolo, leite e guloseimas a ele. Uma madrugada eu acordei com essa imagem ao meu lado, assim meio que flutuando e olhando para mim com aquele olhar doce. Ele sabia o que eu queria. Então eu me levantei da cama, silenciosamente. Andei em direção à porta. E aquele Ser, continuava a flutuar atrás de mim, como que me protegendo. Sabe, o seu anjo da guarda? Abri a porta bem devagar. Todos lá dentro estavam dormindo. Lá fora o céu incrivelmente azul, temperatura perfeita. No quintal dos fundos tinha um balanço que meu pai fizera para eu e meus irmãos. Era feito de madeira de de demolição. Não sei onde meu pai tinha encontrado aquelas polias perfeitas para prender as cordas e fixar a cadeirinha. Eu nunca tinha tido a chance de brincar sozinho no balanço. Na nossa rua, lá na outra esquina, tinha uma casa de uma família japonesa. Eles tinham duas filhas. Elas eram espertas e descobriram o balanço lá no quintal de casa. Naquela época não existia muros ou cercas para proteger as casas. Naquela época só havia ladrão de galinhas e não tínhamos galinhas em casa. Então, as astutas meninas chegavam muito cedo antes da gente acordar e se apossavam do nosso balanço. Aquilo era totalmente incompreensível para mim. Mas, naquele dia o meu Amigo estava comigo. Eu e Ele. Quando eu vi aquele balanço ali, livre e desimpedido, pronto e me esperando corri até ele. Olhei para trás e vi meu Amigo sorrindo e me incentivando a subir no balanço. Nunca me senti tão feliz e seguro até então. Me balançava bem alto, sorrindo e sentindo o vento em meu rosto. Olhava o céu azul e me imaginava lá no alto solto como um pássaro.

Depois desta brincadeira, voltei para dentro de casa, me deitei na minha caminha dobrável e aquele Ser me embalou novamente em um sono calmo, de paz e tranquilidade.

Depois deste trabalho de regressão, percebi quem era aquele Ser incrível. Nunca poderia imaginar que Ele é quem me guiaria neste novo mundo que estava sendo apresentado para mim. Numa madrugada de reflexões Ele me disse Seu nome. Em principio algo sem significado algum, mas que depois se mostrou claramente: A-morea-Ki.

Ele sabia de tudo e principalmente porque estava ali, porque eu tinha deixado tudo para trás, porque da minha morte e o porque a minha busca pelo renascimento. Ouvi as seguintes palavras:

“- Aquilo que um ser humano vê a sua volta, a realidade externa a ele é o passado. Aquilo que voce chama de presente, na realidade não é uma transmissão ao vivo”

Um calafrio, uma surpresa, um medo tomaram conta de mim.

“- Aquilo que voce vê e toca, os eventos que voce poderia jurar que estão acontecendo neste exato momento, são estados registrados tempos atrás. Para que eles pudessem acontecer, receberam o seu consentimento em outra dimensão. Esses acontecimentos foram materializados pelo tempo. Enquanto voce assiste a eles e é envolvido por eles, voce acredita serem novos e de estarem acontecendo pela primeira vez. Na realidade são apenas a projeção do seu passado que se repete com algumas pequenas variações.”

O pavor me envolveu. O que seria aquilo tudo?, pensei. Não poderia estar mais certo. Comecei a rezar o Pai Nosso. …”perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal, Amém”

Então ouvi claramente:

“- O mal é a repetição da vida, somos tentados a repetir os mesmos padrões familiares, eternamente. Sempre. A repetição do que fizeram com você. Perdoe a tudo e a todos, principalmente a você mesmo. Não negligencie sua voz interior, seu antagonista. O seu chamado está dentro de você e está com você o tempo todo. Cabe a você revelá-lo. Portanto: Concentre-se!! “

Era Ele, aquele Ser de barbas longas e cabelos loiros, olhos azuis. Um ancião sábio e eterno que esteve comigo por todo este tempo. Aquela luz iluminou tudo. Consegui ver as minhas repetições, as repetições da minha familia, as maldições que acompanham a todos por gerações.

Já estava amanhecendo, o sono estava me vencendo. Antes de apagar pensei:

– O amor é a base de tudo!

* César Manieri (50),  é engenheiro, músico, empresário, professor e especialista em educação matemática, diretor da escola Integro. Escreve em seu blog “Na metade do Caminho” e autor de textos e pensamentos sobre conservadorismo, religião, política, educação e auto conhecimento.

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